domingo, 4 de dezembro de 2011

Valsa com Bashir (Vals Im Bashir, Israel | França | Alemanha | EUA | Finlândia | Suiça | Bélgica | Austrália, 2008)

Diretor e roteirista: Ari Folman
Sinopse: Um diretor de cinema israelita entrevista companheiros veteranos da invasão do Líbano, em 1982, na tentativa de reconstruir suas memórias a respeito de sua própria atuação no conflito..
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Dia 7 de dezembro, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica

As Aventuras de Azur e Asmar (Azur et Asmar, França | Bélgica | Espanha | Itália, 2006)

Diretor e roteirista: Michel Ocelot
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Dia 30 de novembro, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica

domingo, 13 de novembro de 2011

O Mágico (L'illusionniste, Reino Unido | França, 2010)

Diretor: Sylvain Chomet.

Escritores: Jacques Tati (screenplay original), Sylvain Chomet (adaptação)
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Sinopse:  Um mágico francês desempregado viaja para a Escócia, em busca de novas oportunidades de trabalho. Lá, ele encontra uma jovem, e as peripécias que se seguem mudarão as vidas dos dois personagens para sempre. .
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Dia 16 de novembro, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Coraline e o Mundo Secreto (Coraline, EUA, 2009)


Diretor: Henry Selick
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Escritores: Henry Selick (screenplay), Neil Gaiman (livro original)
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http://www.imdb.com/title/tt0327597/
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Sinopse: Um menina aventureira descobre um outro mundo, que é uma versão idealizada do seu próprio lar frustrante. A princípio encantador, esse novo mundo guarda, todavia, segredos sinistros.
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Dia 19 de outubro, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica

Waking Life (EUA, 2001)


Direção e roteiro: Richard Linklater


Sinopse: Após não conseguir acordar de um sonho, um jovem passa a encontrar pessoas da vida real em seu mundo imaginário, com quem tem longas conversas sobre os vários estados da consciência humana e discussões filosóficas e religiosas.









Dia 08 de junho, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica

sábado, 11 de junho de 2011

O Livro de Kells: Seleção de Páginas

Um dos 'personagens' centrais do longa de animação O Segredo de Kells (The Secret of Kells, 2009)  é um livro. Trata-se do Livro de Kells, um evangeliário com iluminuras em latim, contendo os Quatro Evangelhos do Novo Testamento, largamente derivados da Vulgata de São Jerônimo, bem como prefácios, sumários e tabelas de concordância de passagens dos textos dos evangelistas. É um dos mais famosos manuscritos da história da humanidade, uma obra-prima da caligrafia ocidental e um dos pontos altos da chamada Arte Insular ou Hiberno-Saxônica

A origem do Livro de Kells é geralmente associada ao scriptorium do mosteiro fundado por volta de 561 por São Columba, em Iona, uma ilha na costa oeste da Escócia. Em 806, depois de um ataque Viking à ilha, os monges columbanos teriam refugiado-se em um novo mosteiro em Kells, no condado de Meath. Foi possivelmente por volta do ano 800 da nossa era que o Livro de Kells foi elaborado, embora até hoje não haja nenhuma maneira de saber, com total certeza, se o livro foi produzido totalmente em Iona ou em Kells, ou parcialmente em cada uma das localidades.

O manuscrito se encontra na Biblioteca do Trinity College, em Dublin (cf. link): compreende atualmente 340 fólios em velino (couro de vitelo), de alta qualidade e espessuras variáveis, agrupados desde 1953, em quatro volumes. Sua dimensão é de 33 por 25 cm, com áreas de texto de aproximadamente 25 por 17 cm. Originalmente, os fólios não tinham uma dimensão padrão, mas foram cortados para as dimensões atuais no século XVIII. 

A caligrafia do Livro de Kells, em maiúsculas insulares, parece ser obra de ao menos três escribas diferentes. As letras são desenhadas com tinta ferrogálica e as cores usadas derivam de uma amplo leque de substâncias, algumas importadas de terras distantes. As páginas de texto são animadas com iniciais decoradas e com miniaturas nas entrelinhas, e uma elaboradíssima ornamentação cobre inteiramente alguns dos fólios. Abaixo, seguem versões digitais de páginas do manuscrito original.

Folio 182 verso: Página de texto, Folio 183 recto: Início do relato da Crucificação em Marcos (15: 24).
Imagem de uma edição fac-simile do Livro de Kells, disponível em:

 .Folio 5 recto: Uma das páginas dedicadas aos Cânones de Eusébio, um sistema de divisão dos quatro Evangelhos em uso na Tardo-Antiguidade e na chamada Idade Média

Folio 7 verso: A Virgem e o Menino rodeados por Anjos
uma das primeiras representações do tema em manuscritos ocidentais

Folio 27 verso: Os símbolos dos Quatro Evangelistas; em sentido horário, o homem (Mateus), o leão (Marcos), a águia (João) e o touro (Lucas)

Folio 34 recto: Página do Chi Rho Iota, primeiras letras de ΧΡΙΣΤΟΣ, 
nome de Cristo em grego. Introduz o relato de Mateus sobre a Natividade

A página do Chi Rho Iota em fotograma de The Secret of Kells (2009)

Folio 202 verso: A Tentação

Folio 308 verso: O discurso de Jesus sobre o 'pão da vida' no Evangelho de João (6: 28 sg.) 

Arthur Valle

O Segredo de Kells (The Secret of Kells, Bélgica | França | Irlanda, 2009)


Direção: Tom Moore e Nora Twomey
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Roteiro: Tomm Moore (história original), Fabrice Ziolkowski (screenplay)
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Sinopse: O jovem Brendan mora em uma vila medieval remota, sob o cerco das invasões 'Vikings'. Uma nova vida de aventuras surge quando um mestre de iluminuras chega de terras estrangeiras carregando um livro antigo e inacabado, repleto de sabedoria secreta e poderes - o Livro de Kells. Para ajudar a completá-lo, Brendan tem que superar seus medos mais profundos em uma busca perigosa que o leva para uma floresta encantada, onde criaturas míticas se escondem.
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Dia 25 de maio, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica 


Adaptando O Fantástico Sr. Raposo

O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox, 2009) é um longa-metragem de animação stop motion dirigido pelo estadunidense Wes Anderson e baseado no livro infantil de mesmo nome, escrito por Roald Dahl (1916-1990) e publicado pela primeira vez em 1970. A produção talvez tenha surpreendido aqueles que conheciam Anderson pelos seus filmes protagonizados por astros do cinema contemporâneo, como Bill Murray, Owen Wilson ou Adrien Brody, entre os quais vale aqui lembrar Viagem a Darjeeling (The Darjeeling Limited, 2007) e A Vida Marinha com Steve Zissou (The Life Aquatic with Steve Zissou, 2004) - que conta, inclusive, com o 'auxílio luxuoso' do cantor brasileiro Seu Jorge, interpretando versões acústicas e em português de músicas de David Bowie.

O diretor Wes Anderson em frente a um dos cenários d'O Fantástico Sr. Raposo (2009)

Todavia, consideradas em um contexto mais amplo, as escolhas de tema e de técnica feitas por Anderson passam a ser menos inusitadas. Poder-se-ia suspeitar, por exemplo, que explorar o filão das adaptações de livros infantis é uma tendência entre realizadores contemporâneos com fama de auteurs: é o caso de Tim Burton, na sua refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolate (Charlie and the Chocolate Factory, 2005) - outro livro do mesmo Roald Dahl -, ou de Spike Jonze, em seu mais recente Onde Vivem os Monstros (Where the Wild Things Are, 2009), baseado no livro infantil homônimo de Maurice Sendak, de 1963. O fato é que a concepção d'O Fantástico Sr. Raposo remonta ao início dos anos 2000.[1] Além disso, n’A Vida Marinha..., Anderson havia incluído algumas sequências animadas em stop motion, na realização da quais esteve envolvido ninguém menos do que Henry Selick, o diretor d’O Estranho Mundo de Jack (The Nightmare Before Christmas, 1993) e de Coraline e o Mundo Secreto (Coraline, 2009).

Caranguejos animados: espécimes da exótica vida marinha documentada por Steve Zissou


N'O Fantático Sr. Raposo, Anderson simultaneamente consolida o seu estilo de filmar distintivo e acrescenta a esse último traços inéditos. Nesse sentido, é significativo que, por exemplo, este tenha sido o primeiro filme no qual o diretor adaptou material preexistente, ao invés de partir de um roteiro original. E a adaptação manteve-se em limites deliberadamente estreitos, uma vez que a afeição e o respeito por Dahl e pelo seu livro, que Anderson teria lido ainda criança, pautaram toda a produção:

Tudo que eu tentei foi fazê-lo como Dahl faria. Eu continuamente me perguntava, "O que ele poderia ter feito aqui? Do que ele gostaria?" Quando [a co-roteirista Noah Baumbach e eu] estávamos tentando pensar no que fazer em seguida, nos perguntávamos: "O que se encaixaria na imaginação dele?"[2]

O mesmo respeito pelo livro original e por seu autor (inclusive em termos biográficos [3]) teve reflexos em vários aspectos da concepção visual da animação. Por exemplo, como declarou a viúva de Roald Dahl, Felicity: “Ele [Anderson] pediu que o visual do filme fosse como as ilustrações de Donald Chaffin. Donald Chaffin foi o primeiro a ilustrar O Fantástico Sr. Raposo”.[4] A influência de Chaffin sobre o visual da animação foi ainda maior, uma vez que o ilustrador foi convidado a efetivamente tomar parte na produção, executando peças de concept art.


Ilustração original de Donald Chaffin para uma edição impressa d'O Fantástico Sr. Raposo

Dois exemplos de concept art produzidos por Donald Chaffin para a versão animada d'O Fantástico Sr. Raposo

Simultaneamente, porém, o 'fracasso' da tentativa de simular as intenções de Dahl era patente, como o próprio Anderson concluiu:

Penso que, no final, não é possível para mim simular a imaginação de Roald Dahl. Eu só tenho a minha. E assim, na mesma medida em que estou tentando fazê-lo como Dahl - e esse é o meu objetivo a cada passo do caminho -, no final, todo mundo diz: "Isto definitivamente é coisa sua." [5]

Com efeito, como já frisado, o estilo de filmagem metódico e estilizado de Anderson, conhecido a partir de seus filmes live-action, marca toda a animação: uso de travellings longos e lentos; preferência por composições simétricas e pelo posicionamento estritamente frontal ou de perfil dos personagens com relação à câmera; predominância dos planos de conjunto e 'americano', em contraste com o uso comedido de close-ups. Como nas suas outras produções, Anderson exerceu um controle estreito sobre todos os detalhes, começando pelos pequenos esboços das cenas que ele mesmo realizava, até, por exemplo, a deliberada limitação da palheta cromática utilizada, onde predominam os tons terrosos, responsáveis pela atmosfera 'outonal' de toda a animação.


Esboços de Wes Anderson para a sequência do "cerco da cidade"

Bastidores da produção d'O Fantástico Sr. Raposo: espalhadas pelo ambiente, encontram-se amostras da palheta de tons terrosos que conferem unidade visual ao filme

Além disso, a experiência cinematográfica anterior de Anderson parece ter contribuído para o seu approach muito particular de certos aspectos do cinema de animação. Aqui, eu gostaria de destacar duas singularidades do filme. A primeira diz respeito à utilização parcimoniosa dos efeitos de pós-produção: elementos como, por exemplo, fumaça e fogo, não foram produzidos como seria de se esperar com efeitos especiais, mas, antes, foram animados em stop motion, usando materiais como algodão, estopa e plástico. A intenção, segundo o produtor Jeremy Dawson, era conseguir um resultado que, evitando o amadorismo, fosse "bem orgânico".[6]



Acima, animando fumaça e fogo; abaixo, fotograma mostrando o resultado final.

Outro aspecto singular do Sr. Raposo diz respeito à dublagem. Seguindo uma rotina usual nas grandes produções atuais do cinema de animação em todo mundo, foram convidadas estrelas famosas para dublar os personagens, como George Clooney (Sr. Raposo), Meryl Streep (Sra. Raposo) e Bill Murray, colaborador de Anderson desde os tempos de Três é Demais (Rushmore, 1998) , que dublou o texugo Badger. Mas o processo de dublagem propriamente dito não teve nada de tradicional. A esse respeito, Anderson pontuou:

Gravamos as vozes de forma não convencional. Fomos a uma fazenda e reunimos o grupo. E ele [Clooney] aceitou fazer isso, o que eu agradeço, porque pudemos realizar aquilo que eu tinha idealizado para a gravação das atuações.[7]

George Clooney empresta 'realismo' à sua interpretação do Sr. Raposo comendo

O que Anderson idealizara pra o processo de dublagem foi precisado mais detalhadamente pelo ator Jason Schwartzman, outro colaborador usual do diretor, que no filme empresta sua voz a Ash, filho do Sr. Raposo:

O sonho do Wes era manter os atores o mais próximos possível , com um microfone, e interpretando as cenas. Assim, tinha gente sem fôlego, falas sobrepostas, coisas que acontecem em filmes, mas que não costumam acontecer em animações, porque nestas tudo é feito separadamente.
Se a família Raposo estava cavando um buraco, Wes nos punha na terra e efetivamente nos fazia cavar um buraco no chão. E o microfone ia para todo lugar.[8]


Bill Murray e Wes Anderson: como 'dublar' a escavação de um buraco

Arthur Valle
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[1] DAWSON, Jeff. Wes Anderson returns to form with Mr Fox. Disponível em: http://entertainment.timesonline.co.uk/tol/arts_and_entertainment/film/article6864602.ece Acesso em 20 jun. 2011.

[2] Interview Wes Anderson. Disponível em: http://www.avclub.com/articles/wes-anderson,35688/ Acesso em 20. jun 2011.

[3] Cf., por exemplo, o seguinte featurette no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=kiDX2UwNG9c

[4] Extras. The look of Fantastic Mr. Fox. O Fantástico Sr. Raposo. Direção: Wes Anderson. Twentieth Century Fox, 2010, 1 DVD, Cor.

[5] Interview Wes Anderson, op. cit.

[6] Extras. The look of Fantastic Mr. Fox, op. cit.

[7] Extras. The cast. O Fantástico Sr. Raposo. Direção: Wes Anderson. Twentieth Century Fox, 2010, 1 DVD, Cor.

[8] Extras. The cast, op. cit. Uma exceção foi Meryl Streep, que teria gravado sua participação em estúdio. Cf. http://www.youtube.com/watch?v=k14G6qT_YkI

O Fantástico Sr. Raposo (Fantastic Mr. Fox, Reino Unido, 2009)

Direção: Wes Anderson

Roteiro: Roald Dahl (romance); Wes Anderson (roteiro) & Noah Baumbach (roteiro)

Sinopse: Um grupo de fazendeiros irados, cansado de dividir suas galinhas com uma raposa intrometida, resolve acabar com seu oponente.










Dia 11 de junho, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica