domingo, 12 de setembro de 2010

Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock'n'Roll (Brasil, 2006)

Direção: Otto Guerra
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Roteiro: Angeli e Rodrigo John
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http://www.imdb.com/title/tt0356201/
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Sinopse: Em uma festa na virada para 1972, na casa de Cosmo, estão os jovens Wood, Stock, Lady Jane, Rê Bordosa, Rampal, Nanico e Meiaoito, que vivem intensamente o vapor barato total do flower power brasileiro ao explodir dos fogos de ano novo. De repente, não mais que de repente, 30 anos se passam e nossos heróis, agora carecas e barrigudos, enfrentam as dificuldades de um mundo cada vez mais individual e consumista. Família, filhos, trabalho, contas a pagar e solidão são conceitos que não combinam com o universo inconseqüente desses "bichos-grilos'' perdidos no tempo. O jeito é dar ouvidos à voz sábia de Raulzito e ressuscitar a velha banda de rock'n'roll.
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Dia 15/09 (Quarta), às 15hs - Local: Salão vermelho - Instituto de Biologia/UFRRJ

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Anima Rural no Boletim Informativo do DEG/UFRRJ

Em sua edição junho/julho de 2010, o Boletim Informativo do Decanato de Ensino e Graduação da UFRRJ publicou uma matéria de meia página sobre o projeto Anima Rural. Para lê-la, é só clicar na imagem abaixo.
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sábado, 31 de julho de 2010

Curtas de Animação I

Abaixo, seguem algumas imagens que apresentam os criadores e aspectos da produção dos curta-metragens exibidos na última seção do Anima Rural.
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.Chris Lavis e Maciek Szczerbowski, os criadores de Madame Tutli-Putli (2007), produzido pelo National Film Board do Canadá. O processo de criação da animação pode ser visto no site dessa intituição (cf. link)
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Essa montagem foi feita a partir do animatic de Madame Tutli-Putli (trechos estão diponíveis no Youtube) e ilustra o conceito visual que, segundo os autores, teria dado origem ao curta.
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Em Madame Tutli-Putli, Lavis e Szczerbowski empregaram sobretudo os procedimentos tradicionais da animação stop motion. Efeitos computadorizados foram inseridos na pós-produção, notadamente os olhos da personagem principal.
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Joan C. Gratz filmando Mona Lisa Descending a Staircase (1992). Tendo trabalhado para os estúdios de Will Winton, Gratz desenvolveu, em seus filmes autorais, uma original técnica de animação, na qual massinhas coloridas são empregadas não para construir personagens em 3D, mas sim para "pintar" sobre uma superfície plana.
Fonte: Animation Now, de Animundi & Jules Wiederman, Taschen Press, 2006, p. 141.
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Essa foto permite perceber a fatura dos trabalhos de Gratz, que evoca algo da técnica da pintura em encáustica
Fonte: Animation Now, de Animundi & Jules Wiederman, Taschen Press, 2006, p. 142-143.
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Fotogramas da sequência de abertura de Mona Lisa Descending a Staircase, que ilustram o processo de metamorfose caleidoscópica das imagens, que se encontra na base da animação
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Michael Dudok de Wit, criador de Father and daughter (2000), em seu estúdio: os exemplares de caligrafia oriental na parede de fundo "traem" uma de suas principais influências.
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O trabalho dos chamados pintores zen é outra fonte de inpiração declarada por Dudok de Wit. Na imagem dois exemplos: Seis caquis, de Mu-Ch'i (1200-1274), e Retrato do poeta Li Bai, de Liang K'ai (final séc. XII - início séc. XIII), ambos pintados no século XIII.
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A alameda em Middelharnis, pintada em 1669 por Meindert Hobbema (1638-1709) e um fotograma de Father and Daughter (2000): outra fonte importante de inspiração para Father and Daughter foi o aspecto natural do campo holandês, motivo que atraiu o interesse dos pintores desse país desde o século XVII.
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Bill Plymptom, realizador de Guard Dog (20004), expõe seu "Dogma": fazer desenhos curtos, baratos e divertidos.
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Plymptom trabalha normalmente sozinho, lançando mão de técnicas de animação relativamente simples, como desenho à lapis colorido sobre papel.
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Ao contrário dos usuais 24 fotogramas por segundo, Plymptom tende a realizar uma taxa bem menor de desenhos para cada segundo de seus filmes. Habilmente utilizados, os seis fotogramas de Guard Dog acima mostrados ocupam diversos segundos da animação, sem que a sua fluência fique comprometida.
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Aleksandr Petrov, o realizador da premiadíssima versão animada de The Old Man and the Sea (1999), novela de Ernest Hemingway: sua técnica se baseia em pinturas realizadas com veladuras translúcidas de tinta à óleo sobre superfícies de vidro, utilizando instrumentos usuais (dedo, pincel, etc).
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Esboçado em papel e depois detalhado com tinta na superfície do vidro, um fotograma do curta Mermaid (1997) é seguidamente retocado por Petrov, que, de maneira progressiva, apaga e refaz as partes a serem animadas. Outros fotogramas que registram as mudanças na imagem de base vão sendo tirados durante o processo.
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Fotograma de Mermaid, no qual é possível ver melhor o grau de resolução das pinturas de Petrov.
Fonte: Animation Now, de Animundi & Jules Wiederman, Taschen Press, 2006, p. 24.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Curta-Metragens de Animação

Dia 14 de julho, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica.
Será exibida a seguinte sequência de filmes:
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Madame Tutli-Putli (Canada, 2007), de Chris Lavis e Maciek Szczerbowski, 17 min.
http://www.imdb.com/title/tt1029440/
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Mona Lisa descendo uma escada (Mona Lisa Descending a Staircase, 1992) , de Joan C. Gratz, 7 min.
http://www.imdb.com/title/tt0104908/
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Pai e Filha (Father and daughter, Holanda, 2000), de Michael Dudok de Wit, 8 min.
http://www.imdb.com/title/tt0279079/
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Cão de Guarda (Guard Dog, EUA, 2004), de Bill Plymptom, 5:30 min.
http://www.imdb.com/title/tt0430159/
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O Velho e o Mar (The Old Man and the Sea, Canadá, Rússia e Japão, 1999), de Aleksandr Petrov, 20 min.
http://www.imdb.com/title/tt0207639/

domingo, 11 de julho de 2010

Persepolis: Storyboards e Desenhos Preparatórios

O conjunto de imagens postado abaixo, que ilustra aspectos do processo de criação de Persepolis (2007), acompanha uma pequena entrevista com os realizadores da animação, Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud, publicada no site do New York Times e que pode ser acessada no seguinte link. Para aqueles que desejam saber um pouco mais dos bastidores de Persepolis, existem alguns making of's que podem ser vistos no Youtube: cf. PERSEPOLIS making of featurette [Parte 1, Parte 2 e Parte 3] e Persepolis : Animation [Parte 1 e Parte 2], ambos acessados em 11 jun. 2010.
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domingo, 27 de junho de 2010

Sobre a estética de Persepolis

O longa-metragem de animação Persepolis (2007) deriva da novela gráfica criada pela artista de origem iraniana Marjane Satrapi, publicada originalmente em francês, a partir de 2000, por L'Association. Os desenhos dessa obra são caracterizados por um primitivismo intencional, pela simplicidade linear e por fortes contrastes de branco e preto, que remetem aos resultados obtidos por técnicas gráficas tradicionais, em especial a xilogravura popular (uma comparação com, por exemplo, as ilustrações da chamada literatura de cordel brasileira não seria aqui descabida). A ausência quase total de nuances e de meias-tintas foi mesmo por vezes interpretada como uma alusão ao suposto maniqueismo da constituição teocrática implantada no Irã em 1979, que elevou o aiatolá Khomeini ao posto de Guia Supremo da república iraniana.
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Capa e uma página da versão em quadrinhos de Persepolis, de Marjane Satrapi.
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Fotograma de Persepolis (2007)
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Todavia, se a estética da animação é bastante calcada na concepção visual criada por Satrapi para os quadrinhos, simultaneamente, ela se revela mais variada e sutil no seu emprego de tons, cores e referências visuais. Por um lado, a simplicidade do desenho e o contraste exclusivo entre áreas chapadas de branco e preto se mantêm, caracterizando especialmente os personagens - fato que, ao menos em parte, parece se relacionar ao desejo de facilitar os trabalhos de animação. Por outro lado, a ambientação e os cenários de fundo são geralmente repletos de refinadas nuances de cinza e as cenas que retratam o dia-a-dia atual da Marjane adulta fogem completamente da estrita monocromia, sendo colorizadas com delicadeza.
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Fotogramas de Persepolis (2007)
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Em boa medida, essas e outras divergências verificáveis entre a estética dos quadrinhos e a da animação parecem derivar das necessidades levantadas pela transposição entre as duas técnicas artísticas diversas. Para solucioná-las, Satrapi e o co-diretor de Persepolis, Vincent Paronnaud, se referendaram, em grande medida, ao visual de certas correntes do cinema live-action, mais do a animações stricto sensu. Como Satrapi exprimiu a esse respeito:
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Penso que [o visual de Persepolis] poderia ser definido como “realismo estilizado”, porque queríamos um desenho completamente verossímil, não um cartoon. Portanto, diferente de um cartoon, não tínhamos muita margem em termos de expressão facial e movimento. […] Sempre fui obcecada pelos filmes pós-guerra do neo-realismo italiano e do expressionismo alemão, e muito cedo entendi o porquê. Na Alemanha pós-Primeira Guerra, a economia estava tão devastada que não era permitido rodar filmes em locações, eles eram rodados em estúdios, usando evocativas e impressionantes formas geométricas. Na Itália pós-Segunda Guerra, a situação era a mesma, mas o resultado foi o avesso - eles rodavam filmes nas ruas, com atores desconhecidos, pois não tinham dinheiro. Em ambas as escolas, você encontra uma espécie de esperança em pessoas que passaram pela guerra e experimentaram grande desespero. Eu mesmo sou uma pessoa pós-guerra, tendo atravessado os 8 anos da guerra Irã-Iraque. O filme é uma combinação de expressionismo alemão e neo-realismo italiano. Ele combina cenas bem prosaicas, bem realistas, e uma abordagem altamente estilizada, com imagens por vezes tocando as raias da abstração.[1]
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Filmes norte-americanos P&B, da década de 1950, reminiscentes do expressionismo alemão, como O Mensageiro do Diabo (The Night Of The Hunter, 1955), de Charles Laughton, e A Marca da Maldade (Touch of Evil, 1958), de Orson Welles, foram igualmente citados por Paronnaud como referências para a identidade visual particular da versão animada de Persepolis.[2]
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Robert Mitchum em The Night of the Hunter (1955), dirigido por Charles Laughton.
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Um outro fator que favorece a diversidade estética em Persepolis é maneira como a própria história é narrada: nos dias atuais (em cores), uma Marjane adulta relembra a sua vida em grandes flashbacks (em P&B), que são, por sua vez, intercalados com seus sonhos e visões e com os relatos de vivências de outros personagens. A passagem entre esses diversos níveis de realidade favorece as mudanças nos estilos da animação e, especialmente no caso dos relatos dentro do relato-mor, esses estilos adquirem um forte acento étnico.
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Assim, por exemplo, quando o pai da pequena ‘Marji’ explica como o Xá chegou ao poder no Irã, as figuras mostradas passam, de pronto, a agir como bonecos, confinados à caixa cênica de um teatro de fantoches. A artificialidade da ambientação, em planos sobrepostos, e do movimento dos personagens evoca manifestações culturais bastante difundidas no
Oriente Médio, como o Karagöz, o teatro de sombras turco, que, desde o início da era moderna, influenciou profundamente a arte das marionetes nessa região.
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Fotogramas de Persepolis (2007).
O Karagöz, teatro de sombras turco,visto da platéia e dos bastidores.

Ou, ainda, quando Anouche, tio de Marjane, relata a fracassada independência do Azerbeijão e a sua fuga dificultosa para a antiga União Soviética, toda a sequência, com a sua justaposição de diversos padrões decorativos e com a espacialidade vagamente isométrica de seus cenários, parece pagar tributo à estética estilizada das miniaturas persas..
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Fotogramas de Persepolis (2007)
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O Jardim da Rosa, ilustração do Khamsa de Djami, 1553.
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Arthur Valle

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[1] "I guess it could be defined as "stylized realism," because we wanted the drawing to be completely life-like, not like a cartoon. Therefore, unlike a cartoon, we didn't have that much of a margin in terms of facial expressions and movement. [...] I've always been obsessed with the post-war film schools of Italian neo-realism and German expressionism and soon understood why. In post-WWI Germany, the economy was so devastated that they couldn't afford to shoot films on location, and so they were shot in studios using mood and amazing geometrical shapes. In post-WWII Italy, the same happened, but things turned out the opposite - they shot films in the streets with unknown actors because they had no money. In both schools, you find the kind of hope in people who went through the war and experienced great despair. I am myself a post-war person having lived through the 8 year war between Iraq and Iran. The film is a combination of sorts; of German expressionism and Italian neo-realism. It features very down-to-earth, realistic scenes, and a highly design-oriented approach, with images sometimes bordering on the abstract." Interview with Marjane Satrapi - Director/Author. Disponível em: http://www.hellosanfrancisco.com/shared/movies/Persepolis.cfm , aba Details. Acesso 26 jun. 2010.

[2] "Did you watch films together before starting to work on Persepolis? / I did watch a few films like The Night Of The Hunter and Touch of Evil, and some action films like Duel which taught me a lot about editing." In: Interview with Vincent Paronnaud - Director. Disponível em: http://www.hellosanfrancisco.com/shared/movies/Persepolis.cfm, aba Details. Acesso 26 jun. 2010, e a entrevista com Satrapi e Paronnaud em Drawn to life. Disponível em: http://www.nytimes.com/packages/html/movies/20071225_PERSEPOLIS_FEATURE/index.html Acesso 26 jun. 2010.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Persepolis (França, EUA, 2007)

Direção e Roteiro: Marjane Satrapi e Vincent Paronnaud.
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http://www.imdb.com/title/tt0808417/
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Sinopse: Marjane é uma jovem iraniana de oito anos, que sonha em ser uma profetisa. Amada pela avó e pelos pais, cultos e esquerdistas, ela acompanha os acontecimentos que, em 1979, conduzem à queda do Xá e à revolução islâmica iraniana. A chegada da nova república islâmica inaugura a era dos “Guardiões da Revolução”, que controlam como as pessoas devem agir e se vestir. Marjane, que agora deve usar véu, deseja se transformar em uma revolucionária. Para tentar protegê-la, seus pais se vêem obrigados a enviá-la para a Europa. Adaptação da história em quadrinhos homônima de Marjane Satrapi.
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Dia 30 de junho, às 15 hs - Auditório Hilton Salles, P1 / UFRRJ - Campus Seropédica

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A realização de Akira

Capa de Young Magazine (ヤングマガジン), onde o mangá Akira foi inicialmente serializado.
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Como todo longa metragem de animação do seu gênero, Akira começou nos storyboards - no caso, muito detallhados e feitos pelo próprio Katsuhiro Ôtomo.
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Grosso modo, Akira foi realizado com técnicas de animação tradicionais: os elementos a serem animados em cada cena (usualmente os personagens) foram desenhados a mão e retraçados em acetato transparente, onde foram coloridos e finalizados.
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Segundo os produtores, Akira empregou 327 cores padronizadas diferentes - um número bem superior ao utilizado em animes contemporâneos. Em grande medida, isso se deveu ao fato da obra ser destinada ao cinema, mas, igualmente, à quantidade de cenas noturnas nela presentes, cujo detalhamento demandou todo um amplo conjunto de matizes escuros.
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Os personagens eram coloridos em um processo que compreendia 5 etapas.
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Também a criação dos cenários envolveu um grande planejamento. As imagens acima são estudos dos diversos aspectos (internos e externos) do bar Haruki-ya, o predileto da gangue de Kaneda.
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Na realização dos detalhados cenários, foram empregadas diversas técnicas, como a pintura a pincel e a aerografia.
.No processo final de fotografia, os acetatos pintados com personagens eram sobrepostos aos cenários.
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A animação de Akira também lançou mão da computação gráfica em algumas cenas. Os recursos utilizados, embora um tanto arcaicos para os padrões atuais, eram sofisticados para a época (1988).
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Akira foi uma das primeiras animações japonesas a utilizar amplamente o método do prescoring, que consiste em gravar as falas antes da realização da animação definitiva. As atuações serviram, portanto, como referência básica para os animadores, que modelaram as bocas dos personagens em função delas e, igualmente, de certos padrões básicos.
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Fonte das Imagens: Extras: Reportagem sobre a produção. Akira. Edição Especial 20 anos. Direção: Katsuhiro Ôtomo. Focus Filmes, 2008, 2 DVD, Cor.